domingo, 30 de outubro de 2011

Obra de Josef Lenhard ganha edição nacional


Chega às livrarias brasileiras, em novembro, o primeiro volume das obras completas do filósofo austríaco Josef von Lenhard, que traz o famoso tratado Impotência Lógica (Cia. das Letrinhas, 508 pp., R$ 75,00). Considerado um dos principais nomes do “Positivismo Ilógico”, Lenhard é praticamente desconhecido no Brasil, devido à falta de traduções de sua obra (até então os estudantes brasileiros, interessados no pensamento de Lenhard, tinham de se contentar com uma tradução para o cantonês, de 1953).
Nascido em Viena, em 1910, Josef von Lenhard desponta no cenário filosófico, nos anos 30, com a polêmica obra Impotência Lógica, cuja a tese principal é a de que, para Kant, o autoerotismo é uma impossibilidade lógica (isto é, para o filósofo de Königsberg, o “dar-se prazer” é logicamente inválido). Lenhard afirma ainda, provocando a ira de seus conterrâneos do Círculo de Viena, que é possível identificar no pensamento kantiano, a partir de A Paz Perpétua (1795), uma tese que vai ganhando força e redundará no argumento central da Antropologia (1798): não obstante o autoerotismo apresentar-se como uma impossibilidade lógica, na obra de Kant, este não o nega como metafisicamente verdadeiro. Após a publicação de Impotência Lógica, em 1934, Lenhard um dos discípulos mais brilhantes de Moritz Schlick, rompe com o Círculo de Viena, e funda a revista Peraltices Tautológicas, que reunirá os principais representantes do movimento conhecido como “Positivismo Ilógico”, ou Quadrilátero de Viena (dentre eles o filósofo e astro pornô, Jürgen Dürnkrut, e o renomado matemático Peter Barenberg, que, em outubro de 1955, fugirá para o Canadá, para casar-se com uma progressão geométrica). Para o historiador francês, François Dosse, Impotência Lógica nada mais é do que um ataque disfarçado a Moritz Schlick, que, em 1930, seduzira a mãe de Lenhard, valendo-se do princípio do terceiro excluído.
Em 1946, com o boom dos quadrinhos na Áustria, Josef von Lenhard junta-se ao cartunista norte-americano Will Eisner e lança, em agosto daquele ano, Logos, um super-herói que, à serviço da Razão, protege o indefeso discurso filosófico dos malignos planos da Poiesis Heideggeriana. A revista é um sucesso e, em 48, recebe o Cogito Philosophy Industry Awards e o personagem Logos, popular entre crianças e professores de filosofia, ganha uma linha de produtos com seu nome, tais como lancheiras, camisetas, biscoitos recheados, auditórios (na década de 80, Logos é levado ao cinema, com Rob Lowe no papel do herói). Contudo, descontente com o inesperado êxito da personagem, em março de 1950, von Lenhard decide encerrar a revista: retomando, pela última vez, a pareceria com Eisner, lança o episódio final da série, no qual Logos é desconstruído pelo obscuro Dr. Derrida. Por esta mesma época, Josef von Lenhard começa a demonstrar os primeiros sinais das sequelas deixadas por seu vício em mecanismos coesivos sequenciais
Em meados da década de 50, Lenhard iniciará o que chamou de uma “peregrinação metafísica”, que o levará às principais universidades da Europa, na função de professor adjunto. As viagens prosseguem até setembro de 1961, quando, ao desembarcar na França, é confundido com uma falácia lógica e preso. Com a saúde bastante debilitada, Josef von Lenhard não resiste às torturas infligidas pelos guardas da prisão, que obrigam-no a reler a Suma Teológica e, em dezembro desse mesmo ano, o pai do Positivismo Ilógico, falece vítima de uma embolia cerebral, deixando uma vasta e multifacetada obra que, nas palavras de Bertrand Russell, é “um dos maiores monumentos filosóficos do século XX”. 
A tradução para o português, das obras completas de Josef von Lenhard, ficou por conta do professor de filosofia da UFMG Augusto Tavares que, em 1999, traduzira uma elogiada coletânea de haikais eróticos de Wittgenstein.



- Leia, ainda nesta edição, mais notícias sobre Josef Von Lenhard.


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