terça-feira, 15 de novembro de 2011

Paliativo Estético - a origem


Paliativo Estético é um hebdomadário cultural apenas porque assim o classificamos, posto que não apresenta qualquer rigor e/ou compromisso com uma publicação semanal.
Surgido em meados da década de 60 (originalmente como uma revista publicada mensalmente) Paliativo Estético era apontado como um dos principais órgãos da imprensa marrom – o que era estranho, posto que a revista publicava, quase exclusivamente, artigos científicos. A revista obteve pouco, ou nenhum, sucesso de público, até a edição de março de 1971, que trazia uma entrevista exclusiva com, o então Presidente da República, Emílio Médici, em férias na Itália em companhia de um antigo colega do Colégio Militar, Recruta Zero. A longa entrevista revelava um lado de Médici desconhecido do grande público: ao contrário do general turrão e tirânico, somos apresentados a um sujeito bem-humorado, galanteador, que praticava Pilates com o mesmo empenho que empregava para torturar militantes da esquerda. A reportagem (a polêmica capa trazia uma foto de Médici, à sombra da torre de Pisa, lambuzando-se com um magnífico gelato), provoca a ira dos militares e, em 10 de março de 1971, a revista Paliativo Estético é retirada de circulação e sua redação fechada, o que provocará uma verdadeira diáspora entre seus membros (para maiores informações ver arquivos do DOPS de 71/72). O revisor e lexicógrafo, José Geraldo Mourão, encontra abrigo na redação da revista Coquetel, elaborando palavras-cruzadas (hoje Geraldo Mourão exibe, em sua estante, dois Prêmios Aurélio Buarque de Holanda de Palavras-Cruzadas); já o redator-chefe da revista, o astrólogo Maneco Manfredini, é preso e seu ascendente em escorpião torturado e morto (Maneco luta na justiça até hoje, exigindo uma indenização pelos insucessos amorosos que vem sofrendo desde a perda de seu ascendente); e os dois principais redatores, o jornalista Ibraim Menezes e o onanista Jundiá, recebem asilo político em Maquine (RS), onde fundam a Revista UFO, publicação assumidamente marxista (apontada por muitos críticos como a resposta brasileira à New Left Review) e uma das principais opositoras do regime militar. Encerrando assim, por quase uma década, as atividades de uma revista que, de pioneira, nada tinha. 
            Na década de 80 alguns intelectuais obstinados tentam, sem sucesso, ressuscitar a revista. No entanto, após apenas três edições, disputas internas (datilógrafos empiristas opunham-se aos revisores racionalistas) acarretam novamente a dissolução da publicação.
            Agora, em 2011, assumindo o formato digital, Paliativo Estético está de volta. Sob os auspícios do renomado e diletante pensador português, João da Ega (sócio majoritário de um conglomerado que inclui, além deste hebdomadário digital, uma editora, um alambique e uma mesa de pingue-pongue) Paliativo Estético tem sua redação composta por dois ex-roteiristas do humorístico da Rede Globo, Jornal Nacional, um filósofo analítico (cuja função é ainda desconhecida), além de um renomado missólogo da Universidade de Massachusetts (que “vem apostando todas as suas fichas no Ceará, como o novo pólo nacional de fabricação de misses”, segundo suas próprias declarações).










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